Sábado, 4 de Junho de 1910Falência do Crédito Predial Português00593

Reúne-se a assembleia geral dos accionistas do Crédito Predial, cuja falência fora anunciada a 1 de Maio. A polícia impede a entrada a uma multidão de mais de 1.000 pequenos obrigacionistas, arrastados para a miséria por esta falência.
Após o escândalo da Companhia Vinícola, desta feita era o Crédito Predial que ia à falência, arrastando consigo o governo
Veiga Beirão.
Dirigido pelo velho político
José Luciano de Castro, o Crédito Predial entrara em ruptura financeira (com um "buraco" de mais de meio milhão de libras), a que nem o Banco de Portugal, dirigido por Melo e Sousa, nem o governo, em que pontificavam
Teixeira de Sousa e
Alpoim, prestaram ajuda.
José Luciano de Castro demitiu-se e, com ele, foram arrastados alguns dos nomes mais sonantes da política, da magistratura e das finanças destes últimos tempos da monarquia:
António Cândido,
Eduardo Burnay,
Artur Montenegro,
Manuel Afonso Espregueira,
João de Alarcão, Paulo Cancela, Manuel Francisco Vargas,
Pimentel Pinto, Silveira Viana,
Marquês de Ávila e Bolama,
Conde do Cartaxo e muitos outros altos funcionários. Mas, sobretudo, foi arrastado o governo de Veiga Beirão a que a imprensa não poupou críticas contundentes sobre o envolvimento no escândalo.
E, sinal dos tempos, é o advogado republicano
Afonso Costa que aparece junto dos pequenos accionistas a prestar-lhes apoio.
ano:
1910 | tema:
Actividades Económicas